10.2.06
“Cidade
Zeca Afonso - Utopia
Foram muitas, as alterações, que surgiram após o 25 de Abril de 1974”.
É, talvez, uma das primeiras frases que se ouve numa conversa, com algumas pessoas que viveram intensamente esse período. Essas transformações, como se conhece, passaram pelo estabelecimento da democracia, pela construção da Constituição, pela valorização da mulher, pela democratização do ensino, entre outras igualmente importantes.
Esta história poderia começar como tantas outras.
“Era uma vez uma menina que foi ao circo patatipatata”.
Deixando de lado devaneios que não interessam a ninguém, nem mesmo a mim, começo a enternecedora deambulação pelas minhas memórias do circo.
Não tinha muito mais que cinco anos (informação confirmada com os meus pais) quando entrei num “balão” gigante que tinha aparecido perto da minha casa. Era estranho este “balão”, pensava eu, porque tinha de estar muito amarrado ao chão, com imensas cordas, para não começar a voar como os outros.
Entrei expectante no balão… Já tinha nas mãos um pacote de pipocas vermelhas, que o meu irmão me tinha dado (obrigada!!!). O espectáculo ia começar e eu não sabia por onde começar a olhar.
Sentia-me uma formiguinha meia tonta (será que também entrava no espectáculo?) daquelas que se desviam do carreiro. As cores invadiram os meus olhos, os palhaços conquistaram o meu riso estapafúrdio, senti arrepios e fiquei boquiaberta com os aplausos merecidos.
margarida

Depois de passares essa porta, eu deixarei de existir.
Aqui só existem miragens: o deserto cresce lentamente durante a noite.
As palavras são ditas por mim, mas não são minhas. Assim é o nosso amor.
Vejo o arco-íris mesmo à minha frente e percebo que as minhas mãos são demasiado pobres para poder agarrá-lo. Vou tentar com o coração.
Estou acompanhada e sozinha emociono-me…
Confundes-te com a imensidão e a beleza do mar e deambulo contigo sentindo a nossa brisa. Flutua uma música dentro de mim que não é a que está a tocar.
Muitos dos rostos que sonho pertencem a Homens marcados que nunca trataram o coração com cremes.
O fascínio de ler o amor na cara dos outros, nas rugas, é como quem tenta descobrir a idade das árvores através das suas cascas.
Canto e danço enquanto os galhos da vida crepitam… Sei a força das asas do amor.
margarida