10.2.06

“A lua anda devagar mas atravessa o mundo” – Mia Couto



Depois de passares essa porta, eu deixarei de existir.
Aqui só existem miragens: o deserto cresce lentamente durante a noite.
As palavras são ditas por mim, mas não são minhas. Assim é o nosso amor.
Vejo o arco-íris mesmo à minha frente e percebo que as minhas mãos são demasiado pobres para poder agarrá-lo. Vou tentar com o coração.
Estou acompanhada e sozinha emociono-me…
Confundes-te com a imensidão e a beleza do mar e deambulo contigo sentindo a nossa brisa. Flutua uma música dentro de mim que não é a que está a tocar.
Muitos dos rostos que sonho pertencem a Homens marcados que nunca trataram o coração com cremes.
O fascínio de ler o amor na cara dos outros, nas rugas, é como quem tenta descobrir a idade das árvores através das suas cascas.
Canto e danço enquanto os galhos da vida crepitam… Sei a força das asas do amor.
margarida