23.10.06

espalhem a notícia

Espalhem a notícia do mistério da delícia desse ventre
Espalhem a notícia do que é quente e se parece com o que é firme e com o que é vago
esse ventre que eu afago que eu bebia de um só trago se pudesse
Divulguem o encanto o ventre de que canto que hoje toco a pele onde à tardinha desemboco
tão cansado
esse ventre vagabundo que foi rente e foi fecundo que eu bebia até ao fundo saciado
Eu fui ao fim do mundo eu vou ao fundo de mim vou ao fundo do mar no corpo de uma mulher

A terra tremeu ontem não mais do que anteontem pressenti-o
O ventre de que falo como um rio transbordou e o tremor que anunciava
era fogo e era lava era a terra que abalava no que sou
Depois de entre os escombros ergueram-se dois ombros num murmúrio
e o sol, como é costume, foi um augúrio de bonança
sãos e salvos, felizmente e como o riso vem ao ventre
assim veio de repente uma criança
Eu fui ao fim do mundo eu vou ao fundo de mim vou ao fundo do mar no corpo de uma mulher
Falei-vos desse ventre quem quiser que acrescente da sua lavra
que a bom entendedor meia palavra basta, é só adivinhar o que há mais
os segredos dos locais que no fundo são iguais em todos nós
Eu fui ao fim do mundo eu vou ao fundo do mim
vou ao fundo do mar no corpo de uma mulher
bonita

letra - sérgio godinho