2.11.06

Duas faces com um único rosto


O equilíbrio do que somos e do que desvendamos. A balança dos dois gémeos.
Quem já arriscou mostrar a alma, vive na impotência de não cair no mesmo erro.
Porque a mágoa cria rugas. Porque o julgar espontâneo dói. Porque mexem no nosso ser sem limites.
Há uma máscara indefinida no nosso estar que trava esses abusos. Há uma transparência que nos balanceia.
Hoje vi-me ao espelho e não reconheci os contornos desenhados. Não sou eu que estou reflectida. As linhas estão demasiado ao lado. Os meus olhos são interrompidos.
Este tempo de espera desfigura-me.
Sou moicana.
Despi-me e entreguei-me. Não vivo o momento de qualquer forma.
Só posso sentir até onde tu começas. Desabotoou-te e invades-me só na minha imaginação.
O meu tempo alheio parou. Não tenho respostas, nem sei que passos dar.
A indiferença da tua face desvendada cria uma ruga no meu rosto.
Não queria que me pertencesses desta forma.
A balança cai com o peso do desespero.
Não sei para que lado.

margarida